quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Indifference - what difference does it make?

programar indiferença não é algo inteligente. como não se programa o que sente, o que esperar então ao tentar controlar o que não sentir? é algo quase como que tentar se suicidar com facadas nas costas: estúpido, impraticável, impossível. mas como toda boa e velha teimosa de primeira linha, eu tentei. falhei, obviamente, mas tentei. o telefone dá um sinal, teclo os números desejados, espero chamar e, quando atendem, fantasio toda a indiferença cruel e sarcástica que fiquei semanas planejando. um sucesso. quase não me reconheço. foi um orgulho momentâneo misturado com decepção - quem me dera se eu não precisasse passar por isso. minutos depois de uma glória falsificada, escuto as típicas batidas na porta. aquelas quatro batidas inconfundíveis, que me arrepiam o corpo inteiro e me enchem os olhos de lágrimas. Mas será mesmo possível que eu vou ter que ser indiferente cara-a-cara? Pelo telefone não bastava? Abro a porta, reconheço aqueles olhos sorrindo pra mim, e aquele sorriso que sempre me disse muito mais do que eu realmente deveria compreeender. "hey girl!". um abraço inusitadamente apertado, um incômodo no estômago, um discreto tremor nas mãos. Retribuo o abraço me perguntando onde diabos a minha indiferença tinha ido parar - dei uma espiada embaixo da mesa, mas nem sinal dela. O coraçao batendo por obrigaçao, num ritmo próprio e totalmente descompassado. respiração entrecortada... e eu ainda procurando a minha perdida.... minha perdida o que mesmo? já nem me lembrava mais o que eu estava tentando fingir. Retribuo o sorriso, deixo os olhares se cruzarem e finalmente volto a ser a já esperada evelyne: "i've missed you..."