terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amores Parisienses

Amores parisienses não deveriam fazer parte da vida real. Realmente, Paris não pertence ao mundo real. Quem dirá, então, os amores de lá. O amor de Paris é, incondicionalmente, romântico, ainda que ele esteja de tênis, camiseta, bermuda. E ainda que você, mulher, esteja com uma botinha masculina confortável pra aguentar o tranco, roupas horríveis e, claro, extremamente suada pelo verão europeu de 18h de sol. O amor parisiense é, sem dúvida, inesquecível. Você pode vivê-lo em horas ou dias, não mais que uma semana. E horas essas que certamente ficarão guardadas na lembrança algo como que eternamente. Ele pode ser mais velho, mais novo, gordinho, magrinho, não ter absolutamente nada que combine com você na sua vida, mas, em Paris, ele certamente será sua cara-metade. ... Caminhe com ele pelo centro histórico de Paris, suba a Torre Eifell até o topo [ainda que tenha medo de elevador, garanto que vale a pena], tome lá uma boa taça de uma excelente champagne. Deite na grama ao lado dele nos jardins de Luxemburgo e, principalmente, vá a Versailles [ahhh, Versailles...]. Aproveite cada curto e interminável segundo porque, certamente, deverá ser o último. E, quando vocês se despedirem, me dê o direito de interferir na despedida: que ela não seja breve, que seja eterna, mesmo que dure poucos minutos. Que vocês passem o restinho de noite mais lindo possível até o metrô fechar. E quando se olharem pela última vez, que fotografem aquele momento dentro de si. Porque um amor parisiense merece, sim, um pôster no quarto. Não troquem e-mails, facebook, telefones. Ou, se trocarem, mantenham algum contato superficial. Nada que desperte muito interesse posteriormente. E, se por algum acaso, ele for do mesmo país que você, seja justa: não queira encontrá-lo depois. Não deixe que a vida real destrua um amor parisiense... porque Paris sabe o que faz com o coração e a vida das pessoas... e o mundo real não consegue lidar com isso. [24 de julho de 2012]

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